O caso da D. Angélica
Dona Angélica (nome fictício), de 68 anos, procurou meu consultório com queixas de dor e cansaço nas pernas ao caminhar. Ela só conseguia andar cerca de 1 quarteirão antes de precisar parar por causa das dores. Ela é fumante desde os seus 25 anos de idade e já tinha o diagnóstico de diabetes tipo 2 há pelo menos 15 anos. Ao examiná-la, detectei pulso arterial somente na região da virilha, os demais pulsos eram ausentes, indicando obstrução arterial. Solicitei um ultrassom com doppler das artérias das pernas, que mostrou placas de aterosclerose bloqueando em cerca de 60% algumas de suas artérias. O quadro era compatível com claudicação intermitente.
Para Dona Angélica, orientei abandono imediato do cigarro e sugeri inclusive que buscasse ajuda adicional para isso em grupos de ajuda. Recomendei também iniciar exercícios fáceis de fazer como caminhadas regulares, prescrevi uma medicação para dilatar as artérias, uma medicação para diminuir a coagulação pelas plaquetas e ainda outra para controlar os níveis sanguíneos de gordura. E ainda recomendei, como medidas complementares, melhorar alguns hábitos alimentares. Muito consciente de sua condição, seguiu à risca as recomendações e, após 3 meses, ela relatou que já consegue caminhar por cerca de 15 minutos sem dor. Insisto que deve manter essas recomendações porque assim os sintomas tendem a melhorar progressivamente.
Eu sou o Dr. Robson Barbosa de Miranda e esse é o Fluxo Vascular, sua fonte de informação médica de qualidade e fácil compreensão. Toda semana um episódio com temas abordando as perguntas mais comuns no consultório médico vascular.
Claudicação Intermitente, AVC e Aneurisma
Com o avançar da idade, nosso sistema cardiovascular também sofre mudanças e desgaste. As artérias tendem a ficar mais rígidas e estreitas devido ao acúmulo de placas de gordura e calcificação em suas paredes. Esse processo é conhecido como aterosclerose. Já as veias podem se dilatar e suas válvulas se enfraquecem, levando a problemas como varizes e insuficiência venosa. Essas alterações podem comprometer a circulação sanguínea e trazem diversas implicações para a saúde.
Manter os vasos sanguíneos saudáveis é fundamental para preservar a qualidade de vida e a autonomia na terceira idade. Por isso, é importante que os idosos e seus familiares conheçam as principais doenças vasculares associadas ao envelhecimento e as medidas disponíveis para preveni-las e tratá-las adequadamente.
Entre as doenças arteriais mais prevalentes em idosos, destaca-se a aterosclerose, responsável pela claudicação intermitente nas pernas e pelo aumento do risco de acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).
A aterosclerose resulta do acúmulo progressivo de placas gordurosas nas paredes arteriais, levando à redução parcial da luz dos vasos ou até mesmo a sua completa obstrução. Quando afeta as artérias periféricas das pernas, pode manifestar-se como dor e cansaço muscular ao caminhar, incialmente para longas distâncias e subidas e progressivamente, à medida que mais artérias obstruem, para distâncias mais curtas. Esse sintoma de dor ao caminhar tem um nome: Claudicação Intermitente.
O caso da D. Angélica, descrito no início do episódio ilustra bem como medidas bem orientadas pelo angiologista ou cirurgião vascular podem melhorar os sintomas da claudicação intermitente e, consequentemente, a qualidade de vida.
Quando o estreitamento ou obstrução arterial e acomete as artérias carótidas, as artérias que levam sangue para o cérebro, no pescoço, eleva as chances de AVC isquêmico, um dos principais motivos de incapacidade em idosos.
Algumas medidas são essenciais para prevenir e controlar a aterosclerose: alimentação saudável, rica em grãos integrais, vegetais e frutas; prática regular de exercícios físicos aeróbicos; abandono do tabagismo; e controle rigoroso de outras condições clínicas como hipertensão, diabetes e dislipidemia. Em muitos casos, também é necessário o uso de medicamentos como antiagregantes plaquetários, estatinas e vasodilatadores.
Em casos mais graves, cirurgias de revascularização ou procedimentos endovasculares menos invasivos, como a angioplastia com stent, podem ser indicados para desobstruir artérias vitais e melhorar a circulação.
Além de aterosclerose, os aneurismas se tornam mais prevalentes a partir dos 60 anos, sobretudo em homens. Os aneurismas são dilatações permanentes na parede das artérias, que podem romper e levar até à morte. Os aneurismas mais comuns em idosos acometem a aorta abdominal e torácica e as artérias poplíteas, nas pernas. O controle dos fatores de risco e o acompanhamento seriado por métodos de imagem como ultrassom-doppler são fundamentais. Em casos em que o aneurisma alcança determinado tamanho a intervenção cirúrgica convencional ou por via endovascular passam a ser necessárias. O episódio número 2 desse Podcast Fluxo Vascular é totalmente dedicado ao tema aneurisma, confira lá!
Doenças Venosas na Terceira Idade
Em relação ao sistema venoso, o enfraquecimento das válvulas e paredes veias é um processo natural do envelhecimento. Isso favorece o refluxo sanguíneo e estase venosa, resultando em congestão, dor, inchaço e o desenvolvimento de varizes dos membros inferiores. As varizes podem, em casos extremos, se romper e sangrar, além de predisporem a complicações como úlceras e tromboflebites.
Para cuidar das veias, recomenda-se que seja agendada uma consulta com angiologista ou cirurgião vascular que avaliará o caso e provavelmente recomendará o uso diário de meias de compressão, a realização de exercícios leves que ativam a musculatura da panturrilha, evitar longos períodos em pé ou sentado, elevar os pés durante pausas. Além disso, é comum a indicação de procedimentos pouco invasivos como escleroterapia, cirurgia de varizes convencional, a laser ou com radiofrequência para eliminar as varizes mais calibrosas.
Além das varizes, a trombose venosa profunda (TVP) é outra complicação vascular potencialmente grave e que acomete mais idosos, considerando que a frequência de internações por motivos clínicos ou cirúrgicos, além de outros fatores desencadeantes são mais comuns nessa fase da vida. O tromboembolismo venoso ocorre pela formação de coágulos nas veias profundas dos membros inferiores, que podem se desprender e provocar embolia pulmonar. A prevenção envolve hidratação adequada, atividade física regular e, em alguns casos, o uso de medicação anticoagulante. Há outros episódios sobre o tema trombose venosa no nosso podcast. Vale a pena dar uma conferida
Cuidar da saúde vascular é fundamental para o envelhecimento saudável. Adotando medidas simples de prevenção como bons hábitos alimentares e de atividade física, controlando problemas como hipertensão e diabetes, abandonando o cigarro, comparecendo às consultas e exames periódicos e seguindo orientação médica você poderá desfrutar de autonomia e bem-estar por muitos anos!
Fechamento:
E assim chegamos ao final deste episódio sobre saúde vascular na terceira idade. Nós do podcast “Fluxo Vascular” acreditamos que compartilhar conhecimento é fundamental para promover a saúde e o bem-estar. Esperamos que tenha sido uma fonte adicional de informação para você.
Agradeço a você que torna possível a existência deste podcast. Não se esqueça de acompanhar nossas próximas edições do “Fluxo Vascular” nos principais tocadores e agregadores de podcast, onde abordaremos outros temas essenciais relacionados à saúde, bem-estar e medicina vascular. Fique ligado e não perca nenhum episódio!
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O Fluxo Vascular é produzido, dirigido e editado por mim, Robson Barbosa de Miranda.
Muito obrigado pela sua atenção e até a próxima semana.
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