Introdução

Uma paciente me procura no consultório para tratar suas varizes. O que chamava a atenção em sua história clínica é que ela já havia sido operada de varizes 4 vezes e estava bastante infeliz e decepcionada com os resultados.

Após examiná-la notei que suas varizes tinham uma distribuição muito peculiar, mais intensas nas partes de dentro e de trás das coxas. Ainda no consultório perguntei sobre seu passado obstétrico e ginecológico e me informou que havia tido 3 gestações e que, inclusive, na última gestação havia notado varizes na região genital e pensou até mesmo que pudesse estar com alguma doença sexualmente transmissível.

Essas informações são significativas e podem dar indícios de que há algo mais que varizes nas pernas.


Eu sou o Dr. Robson Barbosa de Miranda e esse é o Fluxo Vascular, sua fonte de informação médica de qualidade e fácil compreensão. Toda semana um episódio com temas abordando as perguntas mais comuns no consultório médico vascular.


Olá a todos, e bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast Fluxo Vascular. Hoje, vamos falar sobre um tema que pode ser novo para muitos de vocês – Varizes Pélvicas. Esta é uma condição que muitas vezes é negligenciada, mas pode causar desconforto significativo, especialmente para mulheres que tiveram várias gestações. Então, vamos mergulhar nisso.

A dor pélvica, ou dor na parte inferior do abdômen, é uma queixa comum em consultórios médicos e ginecológicos. É particularmente comum em mulheres que tiveram várias gestações e estão em seus anos reprodutivos. Existem muitas causas para essa dor, incluindo endometriose, miomas uterinos, doença inflamatória pélvica crônica e cólicas uterinas pré-menstruais. Mas há uma causa de dor pélvica crônica que está relacionada à circulação – a Síndrome da Congestão Pélvica causada por varizes pélvicas.

A região pélvica é ricamente suprida por muitos vasos sanguíneos, tanto artérias quanto veias. As veias que drenam a maior parte da região pélvica são as veias hipogástricas, que drenam principalmente o sangue do útero, intestino grosso e bexiga. Outras veias, as veias gonadais, drenam principalmente o sangue proveniente dos ovários e trompas uterinas, mas também de parte da região uterina.

Em alguns pacientes, especialmente mulheres que tiveram mais de duas gestações, essas veias que drenam o sangue da região pélvica podem se dilatar. Isso leva a uma insuficiência na drenagem do sangue das veias desta região corporal, a pelve, onde estão localizados o útero, os ovários e as trompas uterinas.

O sangue que deveria fluir livremente torna-se de certa forma estagnado na região. Esse fluxo lento aumenta a pressão nas veias, levando à dilatação anormal, ou varizes pélvicas. Isso estabelece um ciclo vicioso que culmina nos sintomas que descrevemos, principalmente a dor pélvica.

Agora, você pode estar se perguntando, qual é a conexão entre as varizes pélvicas e as varizes nos membros inferiores? Bem, existem muitas conexões diretas e indiretas entre os sistemas de veias da pelve e dos membros inferiores. Esta conexão vascular entre a pelve e as pernas pode ter implicações clínicas em alguns casos.

Por exemplo, uma pessoa com varizes pélvicas também pode apresentar varizes cuja causa não está nas pernas, mas nas varizes da região pélvica. Em outras palavras, a insuficiência venosa das varizes pélvicas é ‘transmitida’, através dessas conexões, para as veias dos membros inferiores, levando à formação de varizes.

O diagnóstico de varizes pélvicas é feito combinando as queixas do paciente com um exame físico e métodos de imagem para complementar a investigação e documentar a dilatação ou incompetência venosa na região pélvica. Os métodos de imagem também têm como objetivo, afastar outras causas de dor pélvica.

A principal queixa das pacientes é a dor pélvica que dura pelo menos seis meses, que geralmente começa durante uma gestação e piora com novas gestações. A intensidade da dor pode aumentar em certas situações, como o período pré-menstrual, após longos períodos em pé, durante atividade física que aumenta a pressão abdominal, e durante ou após a relação sexual.

Existem vários exames de imagem que podem ser usados para diagnosticar varizes pélvicas, incluindo ultrassom Doppler, tomografia computadorizada, ressonância magnética e flebografia (um tipo de cateterismo). Cada um desses testes tem suas próprias vantagens e desvantagens, e a escolha do teste dependerá da situação individual do paciente.

O tratamento das varizes pélvicas pode inicialmente ser conservador, envolvendo tratamento multidisciplinar com terapia hormonal, alívio da dor e psicoterapia. No entanto, quando essas medidas não são eficazes, ou quando a insuficiência venosa pélvica está associada a varizes, uma abordagem mais intervencionista pode ser necessária.

Isso envolve a oclusão da veia ovariana em um ambiente hospitalar, em uma sala cirúrgica especial com equipamentos avançados de raios X. O principal objetivo do tratamento é bloquear as varizes pélvicas usando dispositivos que são implantados dentro das veias e substâncias químicas que ocluem e ‘secam’ as veias dilatadas. Este procedimento é chamado de embolização das varizes pélvicas.

Às vezes, as varizes pélvicas podem ter origem na compressão da veia renal, uma condição muito específica chamada síndrome do quebra-nozes, que pode exigir uma abordagem de tratamento com uma etapa adicional.

Após o tratamento adequado, cerca de 90% das mulheres melhoram sua dor. Os sintomas das varizes nos membros inferiores e na região vulvar também melhoram. As varizes na perna são então removidas por cirurgia ou escleroterapia desses vasos, em um procedimento adicional, geralmente em um período posterior.

[Música de Encerramento do Podcast]

E terminamos aqui o episódio de hoje. Esperamos que você tenha achado útil esta informação sobre varizes pélvicas. Lembre-se, se você está experimentando qualquer um dos sintomas que discutimos hoje, é importante consultar um profissional de saúde. Até a próxima vez, mantenha-se saudável e cuide-se.

Lembre-se que esta é uma explicação simplificada e pode não cobrir todos os aspectos da condição. Sempre consulte um profissional de saúde para obter informações precisas.

Fechamento:

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