Ana, uma mulher na faixa dos 30 anos, cheia de energia e paixão pela vida que adora se exercitar, mas que ao longo dos anos, notou que algo estranho estava acontecendo com seu corpo. Mesmo com uma dieta saudável e rotina de exercícios, suas pernas e quadris começaram a acumular uma quantidade excessiva de gordura, fazendo-a se sentir desproporcional em relação ao resto do corpo.
Ana percebeu que suas pernas e tornozelos estavam frequentemente inchados, e até mesmo pequenos traumas resultavam em hematomas dolorosos em sua pele. Essa situação a deixou preocupada e a fez buscar ajuda médica.
Depois de inúmeras visitas a diferentes médicos, ela finalmente encontrou um profissional que diagnosticou sua condição como lipedema. Com o diagnóstico em mãos, Ana começou a entender melhor o que estava acontecendo em seu corpo e como isso afetava sua qualidade de vida.
No episódio de hoje, vamos explorar o que é exatamente o lipedema, suas causas e sintomas, e como ele difere de outras condições relacionadas à gordura. Vamos descobrir a frequência dessa condição na população e quais são as principais medidas de tratamento disponíveis.
Eu sou o Dr. Robson Barbosa de Miranda e esse é o Fluxo Vascular, sua fonte de informação médica de qualidade e fácil compreensão. Toda semana um episódio com temas abordando as perguntas mais comuns no consultório médico vascular.
Mas o que é o Lipedema?
O lipedema é uma condição que afeta principalmente as mulheres e é caracterizada por um acúmulo excessivo de gordura nas coxas, quadris e nádegas. É considerado um distúrbio do tecido adiposo nodular e fibroso, o que resulta em uma distribuição desproporcional da gordura nas áreas afetadas. Além disso, pode causar frequentes manchas roxas na pele, mesmo aos pequenos traumas.
Geralmente, o lipedema se desenvolve durante períodos de alterações hormonais, como puberdade, gravidez e menopausa.
E quais são as causas do Lipedema?
As causas exatas do lipedema ainda não são completamente compreendidas. Acredita-se que a condição esteja relacionada à má formação das células de gordura, que se tornam anormais e se multiplicam de forma descontrolada em áreas bem específicas do corpo, o que leva ao acúmulo excessivo de gordura nas regiões afetadas.
Algumas pesquisas sugerem que alterações nos hormônios femininos, como o estrogênio, podem estar envolvidas no desenvolvimento do lipedema.
Outra hipótese é que a lipedema possa ser uma resposta inflamatória do corpo a danos nos vasos linfáticos, responsáveis por drenar o excesso de líquidos do tecido conjuntivo, o que contribuiria para o inchaço e a dor.
Apesar dessas informações, ainda há muito a aprender sobre os processos biológicos que levam ao lipedema, e mais pesquisas são necessárias para compreender completamente os mecanismos envolvidos na condição.
Qual a relação entre lipedema e Doença Vascular?
Embora algumas pesquisas sugiram que o lipedema possa estar relacionado a problemas nos vasos linfáticos, é importante destacar que o lipedema não é uma doença vascular exclusiva. As doenças vasculares afetam os vasos sanguíneos e linfáticos e incluem condições como varizes, tromboses, aneurismas, aterosclerose, doença arterial periférica e linfedema.
No caso do lipedema, as alterações no tecido gorduroso também são um fator importante que leva à condição. Portanto, é fundamental se tratar com um médico especializado para determinar a causa do lipedema e encontrar o tratamento adequado.
Agora vamos falar sobre a prevalência do lipedema.
Determinar a prevalência exata do lipedema na população é desafiador, pois muitas vezes a condição é subdiagnosticada e muitas pessoas não sabem que a têm. Algumas estimativas sugerem que o lipedema pode afetar até 11% das mulheres em alguns países. Entretanto, esses números podem ser subestimados, uma vez que muitas pessoas com lipedema não procuram atendimento médico ou são diagnosticadas incorretamente como obesas ou com excesso de peso.
Os sinais e sintomas do lipedema podem variar de leves a graves e incluem:
1. Excesso de gordura nas coxas, quadris e nádegas.
2. Inchaço nas pernas e tornozelos.
3. Dificuldade para andar ou ficar de pé por longos períodos.
4. Dor nas pernas e nádegas.
5. Pele espessa e áspera nas áreas afetadas.
6. Manchas roxas espontâneas na pele.
7. Dolorimento ao toque.
O lipedema pode ser classificado em cinco tipos, dependendo das áreas do corpo afetadas:
1. Lipedema Tipo 1: Acúmulo desproporcional de gordura nas nádegas.
2. Lipedema Tipo 2: Acúmulo desproporcional de gordura nas nádegas, quadril e coxas.
3. Lipedema Tipo 3: Acúmulo l de gordura nas nádegas, quadril, coxas e panturrilhas.
4. Lipedema Tipo 4: Acúmulo de gordura nos braços.
5. Lipedema Tipo 5: Acúmulo de gordura nas panturrilhas.
Existem estágios do lipedema que podem ser graduados por aspectos clínicos:
1. Lipedema em estágio 1: Início do acúmulo de gordura nas pernas e quadris, geralmente associado a inchaço e dor. A pele é fina e plana nessa fase.
2. Lipedema em estágio 2: Progresso do acúmulo de gordura, com a formação de protuberâncias e ressaltos na pele, associado ao aumento da dor. Podem surgir lipomas.
3. Lipedema em estágio 3: Avanço da doença, com acúmulo extremo de gordura, levando a dor intensa, dificuldade para movimentar as pernas e problemas circulatórios e linfedema.
Um tema importante: A diferença entre Lipedema, Obesidade e Linfedema:
É importante esclarecer que lipedema, obesidade e linfedema são condições clínicas distintas.
- Na obesidade, a distribuição de gordura é mais central (abdome e tórax) e também afeta os membros superiores e a face.
- No lipedema, a gordura é mais concentrada nas coxas e membros inferiores, criando uma aparência característica em “pantalona”.
- Já o linfedema é o acúmulo de líquido linfático no tecido conjuntivo, causando inchaço em uma região específica, muito frequentemente nas partes mais baixas das pernas, mas também nos membros superiores. Em algumas situações o linfedema pode parecer um lipedema. Trataremos do assunto linfedema em outro episódio.
Como é feito o tratamento do Lipedema?
O tratamento do lipedema geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar para controlar os sintomas e prevenir a progressão da doença. As principais medidas incluem:
1. Exercícios de baixo impacto: Atividades físicas como caminhada, natação ou hidroginástica podem melhorar a circulação sanguínea e linfática, reduzindo o inchaço.
2. Massagem: A Terapia Linfática Descompressiva é uma técnica especial de massagem que ajuda a drenar o excesso de líquido dos tecidos e alivia a dor e o inchaço do lipedema.
3. Compressão: O uso de meias de compressão ou faixas elásticas na região afetada pode ajudar a controlar o inchaço e melhorar a circulação.
4. Alimentação saudável: Uma dieta equilibrada e saudável pode ajudar a controlar o peso e evitar o acúmulo excessivo de gordura nas áreas afetadas pelo lipedema.
5. Procedimentos cirúrgicos: Em casos mais graves, com grande acúmulo de gordura localizada e causando muita dor e deformidade, a lipoaspiração pode ser considerada para remover o excesso de gordura. Nesses casos, é essencial que o procedimento seja realizado por um cirurgião plástico especializado e experiente.
Além disso, o tratamento psicológico também é relevante, pois o lipedema pode afetar negativamente a autoestima e a qualidade de vida das pessoas afetadas. O acompanhamento com psicólogos pode ajudar a lidar com os efeitos emocionais e psicológicos do lipedema.
E assim chegamos ao final deste episódio esclarecedor sobre o lipedema. Esperamos que você tenha aprendido mais sobre essa condição pouco conhecida, mas que afeta a vida de tantas mulheres ao redor do mundo.
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